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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

RELEMBRANDO DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA


Procedimentos Básicos

01. Interpretação do tema

Devemos interpretar cuidadosamente o tema proposto, pois a fuga total a este implica zerar a prova de redação;

02. Levantamento de idéias

A melhor maneira de levantar idéias sobre o tema é a auto-indagação;

03. Construção do rascunho

Construa o rascunho sem se preocupar com a forma. Priorize, nesta etapa, o conteúdo;

04. Pequeno intervalo

Suspenda a atividade redacional por alguns instantes e ocupe-se com outras provas, para que possa desviar um pouco a atenção do texto; evitando, assim, que determinados erros passem despercebidos;

05. Revisão e acabamento

Faça uma cuidadosa revisão do rascunho e as devidas correções;

06. Versão definitiva

Agora passe a limpo para a versão definitiva, com calma e muito cuidado!

07. Elaboração do título

O título deve ser urna frase curta condizente com a essência do tema.

Orientação para Elaborar uma Dissertação

  • Seu texto deve apresentar tese, desenvolvimento (exposição/argumentação) e conclusão.
  • Não se inclua na redação, não cite fatos de sua vida particular, nem utilize o ainda na 1ª pessoa do plural.
    Seu texto pode ser expositivo ou argumentativo (ou ainda expositivo e argumentativo). As idéias-núcleo devem ser bem desenvolvidas, bem fundamentadas.
  • Redija na 1ª pessoa do singular ou do plural, ou fundamentadas. Evite que seu texto expositivo ou argumentativo seja urna seqüência de afirmações vagas, sem justificativa, evidências ou exemplificação..
  • Atente para as expressões vagas ou significado amplo e sua adequada contextualização. Ex.: conceitos como “certo”, “errado”, “democracia”, “justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.
  • Evite expressões como “belo”, “bom”, “mau”, “incrível”, “péssimo”, “triste”,“pobre”, “rico” etc.; são juízos de valor sem carga informativa, imprecisos e
    subjetivos.
  • Fuja do lugar-comum, frases feitas e expressões cristalizadas: “a pureza das crianças”, “a sabedoria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios da linguagem oral devem ser evitados, bem como o uso de “etc.” e as abreviações.
  • Não se usam entre aspas palavras estrangeiras com correspondência na língua portuguesa: hippie, status, dark, punk, laser, chips etc.
  • Não construa frases embromatórias. Verifique se as palavras empregadas são fundamentais e informativas.
  • Observe se não há repetição de idéias, falta de clareza, construções sem nexo (conjunções mal empregadas), falta de concatenação de idéias nas frases e nos parágrafos entre si, divagação ou fuga ao tema proposto.
  • Caso você tenha feito uma pergunta na tese ou no corpo do texto, verifique se a argumentação responde à pergunta. Se você eventualmente encerrar o texto com uma interrogação, esta pode estar corretamente empregada desde que a argumentação responda à questão. Se o texto for vago, a interrogação será retórica e vazia.
  • Verifique se os argumentos são convincentes: fatos notórios ou históricos, conhecimentos geográficos, cifras aproximadas, pesquisas e informações adquiridas através de leituras e fontes culturais diversas.
  • Se considerarmos que a redação apresenta entre 20 e 30 linhas, cada parágrafo pode ser desenvolvido entre 3 e 6 linhas. Você deve ser flexível nesse número, em razão do tamanho da letra ou da continuidade de raciocínio elaborado. Observe no seu texto os parágrafos prolixos ou muito curtos, bem corno os períodos muito fragmentados, que resultam numa construção primária.

Seguem alguns modelos

TEMA: “DENÚNCIAS, ESCÂNDALOS, CASOS ILÍCITOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CORRUPÇÃO E IMPUNIDADE... ISSO É O QUE OCORRE NO BRASIL HOJE.”

Uma nova ordem

Nunca foi tão importante no País uma cruzada pela moralidade. As denúncias que se sucedem, os escândalos que se multiplicam, os casos ilícitos que ocorrem em diversos níveis da administração pública exibem, de forma veemente, a profunda crise moral por que passa o País.

O povo se afasta cada vez mais dos políticos, como se estes fossem símbolos de todos os males. As instituições normativas, que fundamentam o sistema democrático, caem em descrédito. Os governantes, eleitos pela expressão do voto, também engrossam a caldeira da descrença e, frágeis, acabam comprometendo seus programas de gestão.

Para complicar, ainda estamos no meio de uma recessão que tem jogado milhares de trabalhadores na rua, ampliando os bolsões de insatisfação e amargura.

Não é de estranhar que parcelas imensas do eleitorado, em protesto contra o que vêem e sentem, procurem manifestar sua posição com o voto nulo, a abstenção ou o voto em branco. Convenhamos, nenhuma democracia floresce dessa maneira.

A atitude de inércia e apatia dos homens que têm responsabilidade pública os condenará ao castigo da história. É possível fazer-se algo, de imediato, que possa acender uma pequena chama de esperança.

O Brasil dos grandes valores, das grandes idéias, da fé e da crença, da esperança e do futuro necessita, urgentemente da ação solidária, tanto das autoridades quanto do cidadão comum, para instaurar uma nova ordem na ética e na moral.

Carlos Apolinário, adaptado

Comentário:

O primeiro parágrafo constitui a introdução do texto (tese).
Os parágrafos segundo, terceiro e quarto constituem o desenvolvimento (argumentação — exemplificação com análise e crítica).
O último parágrafo é a conclusão (perspectiva de solução).


TEMA:
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
(Fernando Pessoa)
Sonhar é preciso

“Nós somos do tamanho dos nossos sonhos. Há, em cada ser humano, um sebastianista louco, vislumbrando o Quinto Império; um navegador ancorado no cais, a idealizar ‘mares nunca dantes navegados’; e um obscuro D. Quixote de alma grande que, mesmo amesquinhado pelo atrito da hora áspera do presente, investe contra seus inimigos intemporais: o derrotismo, a indiferença e o tédio.

Sufocado pelo peso de todos os determinismos e pela dura rotina do pão-nosso-de-cada-dia, há em cada homem um sentido épico da existência, que se recusa a morrer, mesmo banalizado, manipulado pelos veículos de massa e domesticado pela vida moderna.

É preciso agora resgatar esse idealista que ocultamente somos, mesmo que D. Sebastião não volte, ainda que nossos barcos não cheguem a parte alguma, apesar de não existirem sequer moinhos de vento.

Senão teremos matado definitivamente o santo e o louco que são o melhor de nós mesmos; senão teremos abdicado dos sonhos da infância e do fogo da juventude; senão teremos demitido nossas esperanças.

O homem livre num universo sem fronteiras. O nordeste brasileiro verde e pequenos nordestinos, ri sonhos e saudáveis, soletrando o abecedário. Um passeio a pé pela cidade calma. Pequenos judeus, árabes e cristãos, brincando de roda em Beirute ou na Palestina.

E os vestibulandos, todos, de um país chamado Brasil, convocados a darem o melhor de si no curso superior que escolheram.

Utopias? Talvez sonhos irrealizáveis de algum poeta menor, mas convicto de que nada vale a pena, se a alma é mesquinha e pequena.”

Comentário:

A introdução encontra-se no 1° parágrafo, que faz uma espécie de síntese do texto, funcionando como uma espécie de índice das idéias e elementos que aparecerão no desenvolvimento (sebastianista, o navegador, o D. Quixote).

O desenvolvimento está nos cinco parágrafos seguintes, que retomam e explicam cada uma das idéias e elementos apresentados no inicio.

A conclusão realiza-se no último parágrafo, reafirmando a tese de que somos do tamanho de nossos sonhos e de nossas lutas por nossos ideais, sem os quais a alma seria mesquinha e pequena (e a vida não valeria a pena).

TEMA: “À busca do Brasil de nossos sonhos, travar-se-á uma longa jornada.”

Em busca do Brasil de nossos sonhos

Utopia, talvez seja este o termo que resuma os anseios de um povo que, há mais de quatro séculos, alimenta esperanças de ver seu país constituir-se em um Estado forte e humanitário.

Transformações drásticas e rápidas não correspondem ao caminho a se seguir que será árduo e penoso, entretanto os júbilos alcançados serão tão doces e temos que terão valido cada gota de sangue e suor derramado.

Muitos são os problemas (corrupção, injustiça, desigualdades...) e suas soluções existem, só não fazem parte do plano político-econômico e social a ser seguido, pois este não há. Generalizar chega a ser infantil e prematuro, mas atualmente não se tem tido conhecimento sobre uma reforma concreta e séria que vise à melhoria de vida da população e que não esteja “engavetada”, ainda em “processo de viabilização”, tal como as reformas agrária e tributária, por exemplo. A justiça no Brasil, além de paradoxal, vem a ser ilusória.

Diversidade de solos, climas, costumes, gente, vários povos misturados em um só, tantos méritos e nenhuma vitória que não tenha sido mais do que temporária. O amor à pátria a cada dia fica mais frágil quando deveria se fortalecer, então o que fazer?

Lutar, não travando guerras ou impondo violência. Reivindicar direitos e estipular deveres requer sabedoria, a liberdade de expressão foi conquistada com muito esforço e perseverança por brasileiros que queriam gritar e não se calar diante da destruição lenta e contínua de seu país.

Valorizas o nosso e melhorar o Brasil depende não da vontade de cada um, isoladamente, mas sim do desejo de todos, afinal são mais de cento e trinta milhões de pessoas com interesses diversos ocupando um mesmo país, e muitas querem vê-lo progredir, no entanto como isso será possível? Optando por um nacionalismo extremado? Talvez. Para haver mudanças é preciso que se queira mudar, um Estado politicamente organizado, quem sabe, este Estado: o Brasil.

Tatiana R. Batista


Como melhorar o Brasil

“E nas terras copiosas, que lhes denegavam as promessas visionadas, goravam seus sonhos de redenção”. Com estas palavras José Américo de Almeida, em seu livro “A Bagaceira”, conseguiu caracterizar um Brasil que, há quinhentos anos, mantém-se o mesmo: injusto e desigual.

Fome e miséria em meio à fartura e pujança, descontentamento e inércia presentes em um mesmo povo. Tantas contradições advêm de um processo histórico embasado em inserir o Brasil no contexto sócio-econômico mundial como um Estado dependente economicamente, subdesenvolvido tecnologicamente, sendo por isso frágil perante a soberania de um sem-número de países que desde sempre deteve o controle supremo de o quê, e como tudo deve ser direcionado.

De colônia à república, sendo monarquia ou não, a aristocracia se mantém presente, forte e imponente, segura habilidosamente “as rédeas” deste “carro desgovernado” chamado, anteriormente, de Terra brasilis. É estranho pensar que um vasto território, em que se afirma vigorar o “governo de todos e para todos” pertença na realidade a um restrito grupo que não deseja alterações de qualquer tipo, por considerar a atual situação do Brasil ideal. O ideal seria desconsiderar tais argumentos, sendo estes inválidos e inadmissíveis, uma vez que altos níveis de desemprego, corrupção, carência nos diversos setores públicos..., não correspondem ao que se espera para haver uma elevação no padrão de desenvolvimento de um país.

A globalização, tão comentada em todo o mundo, só ratifica ainda mais um processo que, aos olhos de todos, parece inevitável: a colonização do mundo, a preponderância de uns poucos Estados politicamente organizados sobre o resto do planeta. O Brasil virando colônia, principalmente, dos Estados Unidos da América. A submissão completa.

Deste ponto de vista (que pode ser o único), a situação se apresenta de forma grave. Alarmante, porém é a falta de soluções.

Pior, talvez seja a falta de interesse em mudanças. Já foram privatizadas a (Companhia Vale do Rio Doce, a Siderúrgica Nacional, logo em breve a Petrobrás e o Banco do Brasil, símbolos da soberania nacional. Vivemos em um mesmo espaço o qual cada vez mais deixa de nos pertencer, estamos enfraquecidos, o nacionalismo se enfraquece se a nação única deixa de existir. Não se pode afirmar que uma atitude revolucionária seja o melhor caminho ou o caminho certo, no entanto a passividade neurastênica da população jamais resolverá nada. O exercício da cidadania é necessária para implantar a verdadeira cidadania. Consciência política e senso de justiça o pior obstáculo a ser contornado é a alienação, conseqüência da ignorância que cerca a maior parte da população, sem acesso à cultura.

O primeiro passo já foi dado: conhecer os problemas e, mesmo que superficialmente, pensar a respeito. Ufanismo, utopia, sonho, perseverança e luta. A coragem precisa de esperança, o homem precisa de ambas para sobreviver e lutar. Se o povo brasileiro é naturalmente corajoso, lutemos agora para seguir em frente e firmar este país como soberano e forte que é.

Tatiana R. Batista


A corrupção no Brasil

Durante todo o processo de formação cultural do povo brasileiro, o trabalho nunca foi considerado uma atividade digna, a riqueza, mesmo ilícita era a grande nobreza e a comprovação da superioridade.

No período colonial, o trabalho para o português recém-chegado toma-se um ato ignóbil, explorar o bugre e o negro é a maneira de se viver numa terra nova, onde a “esperteza” de sempre tirar lucros e ganhar, mesmo através da trapaça, é considerada uma virtude.
No império e na república oligárquica, a história se repete e sempre está a favor de uma aristocracia, que desrespeita a condição humana, com suas atitudes nepóticas e de extrema fraternalidade entre os iguais mineiros e paulistas.

Nos períodos seguintes, a rede de corruptos se mostra e toma contorno urbanos, onde a população adquire maior intelectualidade e passa a exigir um maior respeito e que pelo menos se disfarcem os roubos contra nossa população de miseráveis e condicionados.

Já cansada pelos quinhentos anos de “falcatruas” justificadas e pela explosão de novas “bombas”, a cada dia a população apercebe-se. em fim, do maquiavelismo político e rejeita as soluções prontas e maternais da pátria mãe gentil.

Esperamos que, nos próximos anos, a política brasileira tome-se mais séria, rejeite o dito maquiavélico e trate o trabalho como um meio de ascensão e de dignificação do homem e não como um ato oprobriante.

Tiago Barbosa

Artigo de opinião


Artigo de opinião: texto jornalístico que caracteriza-se por expor claramente a opinião do seu autor. Também chamado de matéria assinada ou coluna (quando substitui uma seção fixa do jornal).

As CARACTERÍSTICAS do artigo de opinião são:

Contém um título polêmico ou provocador.
Expõe uma idéia ou ponto de vista sobre determinado assunto.
Apresenta três partes: exposição, interpretação e opinião.
Utiliza verbos predominantemente no presente.
Utiliza linguagem objetiva (3ª pessoa) ou subjetiva (1ª pessoa).


PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS DE UM ARTIGO DE OPINIÃO:

Relações de causa e consequência.
Comparações entre épocas e lugares.
Retrocesso por meio da narração de um fato.
Antecipação de uma possível crítica do leitor, construindo antecipadamente os contra-argumentos.
Estabelecimento de interlocução com o leitor.
Produção de afirmações radicais, de efeito.

EXEMPLO DE ARTIGO DE OPINIÃO:

BALEIAS NÃO ME EMOCIONAM

DE LYA LUFT

Hoje quero falar de gente e bichos. De notícias que freqüentemente aparecem sobre baleias encalhadas e pinguins perdidos em alguma praia. Não sei se me aborrece ou me inquieta ver tantas pessoas acorrendo, torcendo, chorando, porque uma baleia morre encalhada. Mas certamente não me emociona. Sei que não vão me achar muito simpática, mas eu não sou sempre simpática. Aliás, se não gosto de grosseria nem de vulgaridade, também desconfio dos eternos bonzinhos, dos politicamente corretos, dos sempre sorridentes ou gentis. Prefiro o olho no olho, a clareza e a sinceridade – desde que não machuque só pelo prazer de magoar ou por ressentimento. Não gosto de ver bicho sofrendo: sempre curti animais, fui criada com eles. Na casa onde nasci e cresci, tive até uma coruja, chamada, sabe Deus por quê, Sebastião. Era branca, enorme, com aqueles olhos que reviravam. Fugiu da gaiola especialmente construída para ela, quase do tamanho de um pequeno quarto, e por muitos dias eu a procurei no topo das árvores, doída de saudade. Na ilha improvável que havia no mínimo lago do jardim que se estendia atrás da casa, viveu a certa altura da minha infância um casal de veadinhos, dos quais um também fugiu. O outro morreu pouco depois. Segundo o jardineiro, morreu de saudade do fujão – minha primeira visão infantil de um amor romeu-e-julieta. Tive uma gata chamada Adelaide, nome da personagem sofredora de uma novela de rádio que fazia suspirar minha avó, e que meu irmão pequeno matou (a gata), nunca entendi como – uma das primeiras tragédias de que tive conhecimento. De modo que animais fazem parte de minha história, com muitas aventuras, divertimento e alguma tristeza. Mas voltemos às baleias encalhadas: pessoas torcem as mãos, chegam máquinas variadas para içar os bichos, aplicam-se lençóis molhados, abrem-se manchetes em jornais e as televisões mostram tudo em horário nobre. O público, presente ou em casa, acompanha como se fosse alguém da família e, quando o fim chega, é lamentado quase com pêsames e oração. Confesso que não consigo me comover da mesma forma: pouca sensibilidade, uma alma de gelos nórdicos, quem sabe? Mesmo os que não me apreciam, não creiam nisso. Não é que eu ache que sofrimento de animal não valha a pena, a solidariedade, o dinheiro. Mas eu preferia que tudo isso fosse gasto com eles depois de não haver mais crianças enfiando a cara no vidro de meu carro para pedir trocados, adultos famintos dormindo em bancos de praça, famílias morando embaixo de pontes ou adolescentes morrendo drogados nas calçadas. Tenho certeza de que um mendigo morto na beira da praia causaria menos comoção do que uma baleia. Nenhum Greenpeace defensor de seres humanos se moveria. Nenhuma manchete seria estampada. Uma ambulância talvez levasse horas para chegar, o corpo coberto por um jornal, quem sabe uma vela acesa. Curiosidade, rostos virados, um sentimentozinho de culpa, possivelmente irritação: cadê as autoridades, ninguém toma providência? Diante de um morto humano, ou de um candidato a morto na calçada, a gente se protege com uma armadura. De modo que (perdão) vejo sem entusiasmo as campanhas em favor dos animais – pelo menos enquanto se deletarem tão facilmente homens e mulheres.

(Revista Veja, abril de 2005.)

EXEMPLO DE UM ARTIGO DE OPINIÃO


TEMA: SOCIEDADE E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

MODELO DE ARTIGO DE OPINIÃO

Desordem e progresso

Fulano de Tal

É condenável a atitude que grande parte da sociedade desempenha no que diz respeito à preservação do meio ambiente. Apesar dos inúmeros desastres ecológicos que ocorrem com demasiada freqüência, a população continua “cega” e o pior é que essa cegueira é por opção.
Não sou especialista no assunto, mas não é preciso que o seja para perceber que o Planeta não anda bem. Tsunamis, terremotos, derretimento de geleiras, entre outros fenômenos, assustam a população terrestre, principalmente nos países desenvolvidos – maiores poluidores do Planeta – seria isso mera coincidência? Ou talvez a mais clara resposta da natureza contra o descaso com o futuro da Terra? Acredito na segunda opção.
Enquanto o homem imbuído de ganância se empenha numa busca frenética pelo progresso, o tempo passa e a situação adquire proporções alarmantes. Onde está o tal desenvolvimento sustentável que é – ou era – primordial? Sabemos que o progresso é inevitável e indispensável para que uma sociedade se desenvolva e atinja o estágio clímax de suas potencialidades, mas vale a pena conquistar esse progresso às custas da destruição da fauna, da flora, da qualidade de vida que a natureza nos proporciona?
Não podemos continuar cegos diante dessa realidade. Somos seres racionais em pleno exercício de nossas faculdades, não temos o direito de nos destruirmos em troca de cédulas com valores monetários que ironicamente estampam espécies animais em seus versos. Progresso e natureza podem, sim, coexistir, mas para isso, é preciso que nós – população terrestre – nos conscientizemos de nossa responsabilidade sobre o lugar que habitamos e ponhamos em prática o que na teoria parece funcionar.

domingo, 13 de novembro de 2011

Aula 13 - Carta Argumentativa- UFF e CEDERJ


1) Conceito


Uma carta é um texto produzido por um emissor específico e destinado a um leitor também específico.


2) Classificações


* Linguagem →→→→→→ formal

→→→→→→ informal

O nível de formalidade da carta é determinado pelo grau de intimidade entre o emissor e o leitor.


OBS: Mesmo em cartas informais, deve predominar a norma culta (correção gramatical, sem abuso de gírias).


* Conteúdo →→→→→→ informativo

→→→→→→ emotivo

→→→→→→ argumentativo


No vestibular, a carta deve ser sempre argumentativa, embora sejam permitidas técnicas de persuasão (emoção).


3) Aspectos formais


a) Local e data (Linha 1): à esquerda ou com espaço de parágrafo


Nome completo da cidade + vírgula + data completa por extenso (dia e ano em algarismo, mês em minúscula)


Exemplo: Rio de Janeiro, 2 de julho de 2009 (sem ponto final)


Pular a linha 2


b) Vocativo (Linha 3): mesmo alinhamento de local e data


A escolha dependerá do grau de intimidade entre emissor e leitor da carta


Exemplos:


Cara amiga,

Querido irmão,

Estimado deputado,

Prezado editor da revista X,

Vossa excelência,

Vossa santidade,


Pular a linha 4


c) Corpo do texto (linha 5): introdução + desenvolvimento + conclusão


Três alinhamentos possíveis para o D1:


- Esquerda (letra maiúscula)

- Parágrafo (letra maúscula)

- Fim do vocativo (letra minúscula)


Pular uma linha


d) Despedida: alinhamento de parágrafo


Exemplos:


Com carinho,

Com admiração,

Atenciosamente,

Sem mais, despeço-me,


Pular uma linha (facultativa)


e) “Assinatura”


* É proibida a identificação do candidato.

* Soluções:


a) Se houver instruções da banca, segui-las.

b) Se não houver instruções, usar iniciais ou ocupações genéricas (um estudante, um cidadão)


4) Estrutura:


* Introdução: apresentação da motivação (desejo), do objetivo da carta e do emissor (3 ou 4 linhas)

* Desenvolvimento: três parágrafos (total de 15 a 18 linhas)


Opção 1: argumentação tradicional


D1: reconhecimento da opinião do interlocutor (mais curto)


D2 e D3: argumentação (tópico frasal + justificativa)


Opção 2: contra-argumentação


D1 + D2 + D3: reconhecimento da opinião do interlocutor + desconstrução


OBS1: a carta deve apresentar firmeza no posicionamento de maneira não-agressiva.


OBS2: a aproximação é um ótimo recurso para ganhar credibilidade (≠ “puxar saco”).


* Conclusão: reafirmação do ponto de vista + reiteração do pedido / expectativa + agradecimento


5) Estratégias diferenciais


* Coerência lingüística

* Marcas de interlocução

* Criação de imagens do emissor e do receptor (com valor argumentativo, mesmo que seja inventada)


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

AULA 12 -NARRAÇÃO- UFF, CEDERJ


COMO já vimos em aulas anteriores, o tipo de texto constantemente cobrado em vestibulares é a dissertação argumentativa.Entretanto.alguns trazem surpresas tais como: artigo de opinião, narração, carta argumentativa, descrição etc.ESSE TIPO DE texto pode "cair" na redação de alguns vestibulares, por isso é bom estar preparado e atento!

Narração

1. Conceito

É qualquer texto em que se conta uma história, necessariamente caracterizada transformações (mudanças de situação) em tempo e espaço determinados. A lógica da narração passa por quatro mudanças, sejam elas implícitas ou explícitas:

- Surgimento de uma vontade (ou dever);

- Aquisição de competência (ou conhecimento);

- Realização da vontade (mudança principal);

- Apresentação de consequências (prêmios e/ou castigos).

OBS: quanto mais longa e complexa a narrativa, mais mudanças de situação ocorrerão. Muitas vezes, há várias sendo realizadas simultaneamente. Ex: novela.

2. Características

a) Adequação da linguagem ao foco narrativo e aos personagens (nível de formalidade)

b) Presença de transformações (mudanças de situação)

c) Figuratividade (termos concretos, representações da realidade)

d) Progressão temporal definida (ordem aleatória)

e) Uso freqüente de tempos passados (pretéritos perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito, futuro do pretérito).

3. Elementos

Para elaborar uma narração completa, pode-se recorrer a seis perguntas elementares:

* Quem? Personagens

* Onde? Espaço

* Quando? Tempo

* O quê? Fatos, mudanças de situação

* Como? Articulação de fatos →→→→→→ Enredo

* Por quê? Causas, explicações, motivações

OBS: O texto não precisa oferecer todas as respostas de maneira explícita, mas é importante que o escritor pense nelas ao criar sua história.

3.1. Enredo

* História propriamente dita / Desenrolar das ações / Seqüência dos acontecimentos (transformações)

* Etapas:

- Normalidade / Estado de harmonia

- Ruptura com a normalidade (fato narrativo)

- Complicação

- Clímax: complicação máxima

- Desfecho: volta à normalidade ou a um novo estado

* Momentos:

- Carência: “Herói” toma consciência de uma carência

- Busca: desenrolar das ações em busca do objetivo

- Resultado: vitória ou derrota

3.2. Narrador

* Foco narrativo:

- 1ª pessoa - protagonista

- 1ª pessoa - personagem secundário

- 3ª pessoa – observador

- 3ª pessoa – onisciente

Dicas:

* 1ª pessoa:

- enfatizar o que o narrador não percebe

- explorar os sentimentos e impressões do narrador

* 3ª pessoa:

- Criar simultaneidades

- Comentar a narrativa

* Discursos:

- Direto

- Indireto

- Indireto livre

3.3. Personagens

Trata-se de seres narrativos feitos de palavras, que contêm as possibilidades das ações e paixões do ser humano. Devem ser, necessariamente, verossímeis (adequadas às realizações da história).

a) Classificações

* Pela importância

- Protagonistas: personagens principais, que sofrem ou realizam as maiores mudanças de situação.

- Antagonistas: personagens que se opõem aos desejos do protagonista.

- Secundários: aqueles que têm papéis de menor importância – ou importância temporária – na trama.

* Pela característica:

- “Tipos”: personagens simples, constantes e, muitas vezes, caricaturados.

- Multifacetados: personagens complexos, inconstantes e, frequentemente, contraditórios.

OBS: Embora sejam mais comuns em histórias mais simples, personagens “tipos” podem ser úteis em histórias complexas como representação de uma classe da sociedade.

b) Caracterização:

É a citação clara ou sutil de aspectos relevantes do personagem para a história (ex: nome).

* Física: aspectos visíveis aos demais personagens ou ao narrador.

* Psicológica: valores morais, temperamento, fragilidades.

OBS: a apresentação dos personagens deve ser adequada à narração e pode ser direta e/ou indireta (esta última tem maior valor literário).

3.4. Espaço

Trata-se dos ambientes em que se movem os personagens.

* Funções:

- Contextualizadora: descrição do ambiente a fim de facilitar a imaginação da trama.

- Simbólica: relação entre ambientes, personagens e mudanças de situação.

Dica: relacionar ambiente escolhido ao propósito da narrativa.

3.5. Tempo

* Tempo da ficção (ou da narrativa): quando os eventos ocorrem.

- Função: contextualizar os eventos.

- Uso de marcas e conectivos temporais: “Naquele dia”; “horas depois”; “Ao mesmo tempo”.

* Ritmo da narrativa:

- Velocidade em que se conta a história.

- Lento: digressões, descrições, detalhismo, períodos longos.

- Rápido: períodos curtos, verbos e substantivos (menos adjetivos e advérbios)

- Dica: suspense (demora em revelar algo)

* Dica: recurso do flashback

4. Outras dicas

* É essencial que todas as ações, o ambiente, as falas, os personagens, tudo, enfim, tenha papel na trama.

* Algo mencionado no início, aparentemente desnecessário, pode ser retomado no final (dar pequenas pistas no início e retomá-las no final (Ex: dizer que um personagem é gordo, no início, pois ele não conseguirá passar em determinado lugar)

* Seleção de fatos: o que deve ser contado e o que pode ficar implícito.

* Coerência temporal: de que momento é narrada a história?